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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A PRAGA DOS FÓNICOS

Alguns anos atrás fiz uma leitura de um texto de José Pacheco que falava sobre o “método fónico” , dizendo que quando a escola deixar de ensinar a todos como se fossem um só, boa parte das causas do insucesso estarão erradicadas. Gostei muito e agora queria compartilha com vocês. Espero que gostem,chamou muito minha atenção.



Numa escola brasileira, vi uma primeira série repetir a ladainha: “ o Dadá comeu xuxu e o vôvô viu a uva”. Frases a roçar a imbecilidade desanimam o mais animado dos alunos. Filhas diletas do chamado “método fónicos”, condenam muitas crianças ao ódio por tudo o que seja livro. Como escapar à praga do analfabetismo, se as escolas iniciam as crianças na aventura de ler, forçando-as a um coro de melopéias sem sentido?

Desde há algum tempo, os prosélios do método “fônico” tentam influenciar uma opinião pública ansiosa por soluções mágicas. A argumentação é pobre e o registro é o do senso comum pedagógico. Para afirmar o seu extremismo, um “fónico” afirmou, num jornal, que “os países desenvolvidos já perceberam que o método fônico é mais eficiente do que todos os outros(...) Está provado cientificamente”. O articulista não informava quais eram as provas cientificas, mas rematava: “os defensores do método fónico ganharam visibilidade, após alguns países desenvolvidos terem revisto a ênfase dada no passado ao método global, usado por muitos construtivistas”.

Gostei do eufemismo “ênfase”... “No passado”, mas quando? A expressão “alguns países” aporta alguma ambigüidade- quantos países? Gostaria de conhecer o elenco desses países “desenvolvidos”, com a indicação das escolas praticantes da “linha construtivista”, bem como dos paíse considerados “não desenvolvidos” onde a dita “linha” tenha sido (efetivamente ! ) adotada. Por que, assim como há fiéis que assumem serem “não praticantes” das suas religiões, parece haver “construtivistas não-praticantes”, “fundamentalistas fónicos” e, sobretudo, muita confusão. Como dezenas de anos como professor e posso afirmar que o método fônico foi hegemônico e bem visível nos países ditos desenvolvidos e nos países ditos não desenvolvidos. E as conseqüências desse método, infelizmente, também...

Os fónicos dizem que o Brasil está remando contra a maré dos países desenvolvidos. Desenganem-se, porque a maré é a mesma. Não se trata de introduzir novos métodos, ou de ressuscitar métodos velhos. O que está em jogo é algo mais subtil.

Fui professor “especialista em alfabetização” ( estarão os leitores a cogitar: como pode um professor do fundamental ser especialista? Se muitas escolas dispõem de especialistas em artes, ou na educação de crianças “especiais”, muito mais se justifica a existência de um especialista num domínio tão exigente como o da alfabetização e letramento. Por que razão se insiste no disparate de considerar que o professor generalista é um especialista em todas as áreas do currículo?)

Não estou fazendo o apelo a guetos disciplinares das séries iniciais. Estou apelando a que se contemple o ritmo de cada criança, o estilo de inteligência de cada criança, a sua cultura de origem, o repertório lingüístico de cada criança...

Aquilo que está em causa não é a adoção do método A, ou do método B – o que está em causa é a necessidade de as escolas reconfigurarem as suas práticas para atenderem à diversidade. É urgente reconfigurar o espaço e o tempo escolar à medida de cada criança, para que não se imponha a todas e a cada uma o mesmo modo de aprender.

Quando os professores deixarem de ensinar a todos como se fossem um só, quase todas as causas de insucesso estarão erradicantes. Com fônico, ou sem fónico....



José Pacheco

Educador e escritor, ex-diretor da Escola da Ponte, em

Vila das Aves (Portugal)


Rosa Lopes, bjs!!!!!!!!!

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