Este espaço é destinado a todas as pessoas interessadas em divulgar trocar experiências sobre educação, psicopedagogia e inclusão, para que juntos possamos romper as barreiras da exclusão e desigualdade humana. Sabendo que somos iguais com toda nossa diversidade.

"Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão" (Paulo Freire)
















Sobre nós!!

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Profissionais dedicadas e apaixonadas pelo que fazemos. Rosa:Graduada em pedagogia pela Universidade Federal do Amapá com especialização em Educação Especial e Inclusão Socio Educacionalpela Faculdade Santa Fé (MA) Rejane: Professora,Pedagoga pela Universidade Federal do Amapá(AP). Psicopedagoga clinica e Institucional-faculdade Santa Fé (MA)Especialização na educação de alunos com deficiência visual IBC (RJ) em Educação Especial e Inclusão social faculdade Santa Fé (MA). Estamos a disposição para consultoria,palestras, cursos e oficinas com foco em Educação Especial.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

DIA INTERNACIONAL DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA


DIA INTERNACIONAL DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA




 Nos dias 1, 2 e 3 de dezembro de 2012 (sábado, domingo e segunda-feira) será realizada a 3ª edição da "Virada Inclusiva - Participação Plena", em comemoração ao "Dia Internacional da Pessoa com Deficiência".

    Inspirado na Virada Cultural e na Virada Esportiva, o evento vai oferecer mais de 800 atividades de cultura, esporte e lazer em mais de 80 cidades do Estado de São Paulo, reunindo sempre pessoas com e sem deficiência. 

 Os locais e as atrações terão acessibilidade física e de comunicação, para que todos possam participar ou acompanhar as atividades em igualdade de condições.

A Virada Inclusiva é organizada em conjunto por órgãos públicos e instituições da sociedade civil, sob a coordenação da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência e contando com a participação voluntária de pessoas e grupos do mundo artístico e esportivo.

Nova Cor Para a Virada

  Um dos destaques da programação deste ano é a forte ligação com o mundo das artes plásticas. O cartunista Ziraldo foi homenageado com a escolha da cor Flicts – título de um de seus livros mais conhecidos – como a cor oficial desta e das futuras edições do evento.

  A escolha se justifica pela forte sintonia entre a obra e o espírito do evento. No livro, Flicts era uma cor discriminada porque "não tinha a força do Vermelho, não tinha a imensidão do Amarelo, nem a paz que tem o Azul " até o dia em que percebeu que era, na verdade, a cor da Lua. Nos três dias do evento, essa cor iluminará viadutos, monumentos e edifícios como o da Assembléia Legislativa, na capital.

  Durante o evento, a pintora mexicana Frida Kahlo, que na infância teve poliomielite, também será lembrada, com a exibição de painéis com fotos e imagens inéditas de obras. 

Fonte: http://viradainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/
Maiores informações: http://viradainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/

terça-feira, 30 de outubro de 2012

RELATÓRIO MUNDIAL SOBRE A DEFICIÊNCIA



A deficiência não precisa ser um obstáculo para o sucesso. Durante praticamente toda a minha vida adulta sofri da doença do neurônio motor. Mesmo assim, isso não me impediu de ter uma destacada carreira como astrofísico e uma vida familiar feliz.

Ao ler o Relatório Mundial sobre a deficiência, encontro muitos aspectos relevantes para a minha própria experiência. Pude ter acesso a assistência medica de primeira classe. Tenho o apoio de uma equipe de assistentes pessoais que me possibilita viver e trabalhar com conforto e dignidade. A minha casa e o meu lugar de trabalho foram tornados acessíveis para mim. Especialistas em informática puseram a minha disposição um sistema de comunicação de assistência e um sintetizador de voz que me permitem desenvolver palestras e trabalhos, e me comunicar com diferentes públicos.

Mas sei que sou muito sortudo, em muitos aspectos. Meu sucesso em física teórica me assegura apoio para viver uma vida que vale a pena. E claro que a maioria das pessoas com deficiências no mundo tem extrema dificuldade ate mesmo para sobreviver a cada dia, quanto mais para ter uma vida produtiva e de realização pessoal.

Este Relatório Mundial sobre a deficiência e muito bem-vindo. Ele representa uma contribuição muito importante para a nossa compreensão sobre a deficiência e o seu impacto sobre os indivíduos e a sociedade. Ele destaca as diversas barreiras enfrentadas pelas pessoas com deficiência: atitudinais, físicas, e financeiras. Esta ao nosso alcance ir de encontro a estas barreiras.

De fato, temos a obrigação moral de remover as barreiras a participação e de investir recursos financeiros e conhecimento suficientes para liberar o vasto potencial das pessoas com deficiência. Os governantes de todo o mundo não podem mais negligenciar as centenas de milhões de pessoas com deficiência cujo acesso a saúde, reabilitação, suporte, educação e emprego tem sido negado, e que nunca tiveram a oportunidade de brilhar.

O relatório faz recomendações para iniciativas nos níveis local, nacional e internacional. Assim, será uma ferramenta valiosa para os responsáveis pela elaboração de politicas publicas pesquisadores, profissionais da medicina, defensores e voluntários envolvidos com a questão da deficiência. E minha esperança que, a começar pela Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, e agora com a publicação do Relatório Mundial sobre a Deficiência, este século marque uma reviravolta na inclusão de pessoas com deficiência na vida da sociedade.

Professor Stephen W Hawking





Mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo convivem com alguma forma de deficiência dentre os quais cerca de 200 milhões experimentam dificuldades funcionais consideráveis. Nos próximos anos, a deficiência será uma preocupação ainda maior porque sua incidência tem aumentado.
Isto se deve ao envelhecimento das populações e ao risco maior de deficiência na população de mais idade, bem como ao aumento global de doenças crônicas tais como diabetes, doenças cardiovasculares, câncer e distúrbios mentais.

Em todo o mundo, as pessoas com deficiência apresentam piores perspectivas de saúde, níveis. Mais baixos de escolaridade, participação econômica menor, e taxas de pobreza mais elevadas em comparação as pessoas sem deficiência. Em parte, isto se deve ao fato das pessoas com deficiência enfrentarem barreiras no acesso a serviços que muitos de nos consideram garantidos ha muito, como saúde, educação, emprego, transporte, e informação. Tais dificuldades são exacerbadas nas comunidades mais pobres.

Para atingir as perspectivas melhores e mais duradouras do desenvolvimento que integram o núcleo das Metas de Desenvolvimento do Milênio de 2015 e ir além, devemos capacitar às pessoas que vivem com deficiência e retirar as barreiras que as impedem de participar na comunidade, de ter acesso a uma educação de qualidade, de encontrar um trabalho decente, e de ter suas vozes ouvidas.

Como resultado, a Organização Mundial da Saúde e o Grupo Banco Mundial produziram em conjunto este Relatório Mundial sobre a deficiência para proporcionar evidencias a favor de politicas e programas inovadores capazes de melhorar a vida das pessoas com deficiência, e facilitar a implementação da Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, que entrou em vigor a partir de Maio de 2008. Este importante tratado internacional reforçou a nossa compreensão da deficiência como uma prioridade de direitos humanos e de desenvolvimento.

O Relatório Mundial sobre a deficiência sugere ações para todas as partes interessadas – incluindo governos, organizações da sociedade civil, e organizações de pessoas com deficiência – para criar ambientes facilitadores, desenvolver serviços de suporte e reabilitação, garantir uma adequada proteção social, criar politicas e programas de inclusão, e fazer cumprir as normas e a legislação, tanto existentes como novas, para o beneficio das pessoas com deficiência e da comunidade como um todo. As pessoas com deficiência devem estar no centro de tais esforços.

A visão que nos move e a de um mundo de inclusão, no qual todos sejamos capazes de viver uma vida de saúde, conforto, e dignidade. Convidamos você a utilizar as evidencias contidas neste relatório de forma a contribuir para que esta visão se torne realidade.

Dra. Margaret Chan
Diretora General
Organização Mundial da Saúde

Sr. Robert B. Zoellick
Presidente
Grupo Banco Mundial


V CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL



O V Congresso Brasileiro de Educação Especial (V CBEE) / VII Encontro Nacional dos Pesquisadores da Educação Especial (VII ENPEE) é uma proposta conjunta da Associação Brasileira de Pesquisadores em Educação Especial – ABPEE, e do Programa de Pós-Graduação em Educação Especial – PPGEES da Universidade Federal de São Carlos- UFSCar, que consideram que o evento é uma ação importante para estimular a produção científica nessa área, divulgar o conhecimento que vem sendo produzido, promover o intercâmbio entre pesquisadores e profissionais, e atender a demanda emergente por novas práticas decorrente da diretriz política educacional de inclusão escolar adotada pelo país.



RESUMO DO ARTIGO PARA O CONGRESSO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL

Esse e o resumo do nosso artigo para o congresso de educação especial que iremos apresentar em novembro em São Paulo, espero que que colabore com muitas pessoas com ou sem deficiência, logo após o término do congresso iremos postá-lo na íntegra.



A INCLUSÂO DA CRIANÇA COM PARALISIA CEREBRAL NO CONTEXTO ESCOLAR.

Autora: Maria Rosa da Luz Lopes da Conceição
Co-autora: Rejane Pereira dos Santos


Eixo temático: Práticas de inclusão escolar
                                            Categoria do trabalho: Pôster



RESUMO
O acesso e permanência das crianças com paralisia cerebral nas escolas regulares de ensino é cada vez mais comum, porém a qualidade dessa inserção que muitos momentos não oferecem oportunidade de condições no processo de ensino aprendizagem, ficando esse alunado as margens da escola e do convívio social. O objetivo deste trabalho é analisar o processo de inclusão das crianças com paralisia cerebral no contexto escolar, através da definição dessa deficiência no intuito de colaborar nas oportunidades do ensino e aprendizagem e socialização, identificando e verificando as barreiras e as influencias das interações com o meio. O referencial teórico para embasamento deste trabalho a proposta de educação inclusiva na tentativa de melhorar a participação desses alunos. Na metodologia utilizou-se pesquisa bibliográfica. Os aspectos pesquisados referem-se às questões diretamente ligadas ao processo inclusivo da criança com paralisia cerebral. A pesquisa atende aspectos qualitativos, enfatizando a dialeticidade na teoria e metodologia. Conclui-se com esta pesquisa que o sistema de ensino necessita cria estratégias e ações que garantam uma inclusão em sua plenitude, construir novos caminhos em cima de valores e conceitos ultrapassados.


Palavra-chave: paralisia cerebral, inclusão, escola.

 

quinta-feira, 17 de maio de 2012

LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais ou LSB LIBRAS, ou Língua Brasileira de Sinais

 LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais ou LSB LIBRAS, ou Língua Brasileira de Sinais, é a língua utilizada pela maioria dos surdos brasileiros e, como tal, poderá ser aprendida por qualquer pessoa interessada pela comunicação com essa comunidade. Como língua, esta é composta de todos os componentes pertinentes às línguas orais, como gramática semântica, pragmática sintaxe e outros elementos, preenchendo, assim, os requisitos científicos para ser considerada instrumental linguístico de poder e força. Possui todos os elementos classificatórios identificáveis de uma língua e demanda de prática para seu aprendizado, como qualquer outra língua. Foi na década de 60 que as línguas de sinais foram estudadas e analisadas, passando então a ocupar um status de língua. É uma língua viva e autônoma, reconhecida pela linguística. Pesquisas com filhos surdos de pais surdos estabelecem que a aquisição precoce da Língua de Sinais dentro do lar é um benefício e que esta aquisição contribui para o aprendizado da língua oral como Segunda língua para os surdos. Os estudos em indivíduos surdos demonstram que a Língua de Sinais apresenta uma organização neural semelhante à língua oral, ou seja, que esta se organiza no cérebro da mesma maneira que as línguas faladas. A Língua de Sinais apresenta, por ser uma língua, um período crítico precoce para sua aquisição, considerando-se que a forma de comunicação natural é aquela para o qual o sujeito está mais bem preparado, levando-se em conta a noção de conforto estabelecido diante de qualquer tipo de aquisição na tenra idade. (Extraído de www.feneis.com.br) Ao se atribuir ás línguas de sinais o status de língua é porque elas, embora sendo de modalidade diferente, possuem também estas características em relação às diferenças regionais, socioculturais, entre outras, e em relação às suas estruturas porque elas também são compostas pelos níveis descritos acima. O que é denominado de palavra ou item lexical nas línguas orais-auditivas é denominado sinal nas línguas de sinais. Os sinais são formados a partir da combinação do movimento das mãos com um determinado formato em um determinado lugar, podendo este lugar ser uma parte do corpo ou um espaço em frente ao corpo. Estas articulações das mãos, que podem ser comparadas aos fonemas e às vezes aos morfemas, são chamadas de parâmetros. Nas línguas de sinais podem ser encontrados os seguintes parâmetros: • Configuração das mãos: são formas das mãos, que podem ser da datilologia (alfabeto manual) ou outras formas feitas pela mão predominante (mão direita para os destros), ou pelas duas mãos do emissor ou sinalizador. Os sinais APRENDER, LARANJA E ADORAR têm a mesma configuração de mão e são realizados na testa, na boca no lado esquerdo do peito, respectivamente;

 • Ponto de articulação: é o lugar onde incide a mão predominante configurada, podendo esta tocar alguma parte do corpo ou estar em um espaço neutro vertical (do meio do corpo até a (cabeça) e horizontal (à frente do emissor). Os sinais TRABALHAR, BRINCAR, CONSERTAR é feitos no espaço neutro e os sinais ESQUECER, APRENDER e PENSAR são realizados na testa;


• Movimento: os sinais podem ter um movimento ou não. Os sinais citados acima têm movimento, com exceção de PENSAR que, como os sinais AJOELHAR e EM-PÉ, não tem movimento;
 Tem movimento:



 Não tem movimento:




• Orientação/direcionalidade: os sinais têm uma direção com relação aos parâmetros acima. Assim os verbos IR e VIR se opõem em relação à direcionalidade, como os verbos SUBIR e DESCER, ACENDER e APAGAR, ABRIR-PORTA e FECHAR-PORTA;




• Expressão facial e/ou corporal: muitos sinais, além dos quatro parâmetros mencionados acima, em sua configuração têm como traço diferenciador também a expressão facial e/ou corporal, como os sinais ALEGRE e TRISTE. Há sinais feitos somente com a bochecha como LADRÃO, ATO-SEXUAL; sinais feitos com mão e expressão facial, como o sinal BALA, e há ainda sinais em sons e expressões faciais complementam os traços manuais, como os sinais HELICÓPTERO e MOTO. Na combinação destes quatro parâmetros, ou cinco, tem-se o sinal. Falar com as mãos é, portanto, combinar estes elementos para formarem as palavras e estas formarem as frases em um contexto. Para conversar, em qualquer língua, não basta conhecer as palavras, é preciso aprender as regras gramaticais de combinação
destas palavras em frases e serão estas
regras gramaticais que
iremos ver
poucos.


Maria Rosa Lopes

Identidade Cultural Surda na Diversidade Brasileira

Identidade Cultural Surda na Diversidade Brasileira Patrícia Luiza Ferreira Pinto Resumo: Os conceitos de Surdez no que refere à diferença e à deficiência, o etnocentrismo da tradição oralista, as Identidades Surdas, o multiculturalismo são pontos relevantes neste trabalho. O enfoque deste trabalho é a Identidade Cultural Surda dentro do contexto multicultural, perpassando as várias fases da História dos Surdos, no contexto do Oralismo, nas relações sociais, na sua trajetória para romper a homogeneidade, aos momentos atuais e desafios na educação. Abstract: Deaf concepts linked to the notions of difference and disability, the ethnocentrism of the oralist tradition, deaf identity and multiculturalism are relevant aspects of the present paper. The focus of this article is the deaf cultural identity within a multicultural context which goes through the various phases of the history of deaf people from oralism, to social relations, in their journey towards the breakthrough from homogeneity to the present moments and challenges in education. ................ "Somos notavelmente ignorantes a respeito da surdez, muito mais ignorantes do que um homem instruído teria sido em 1886 ou 1786. Ignorantes e indiferentes(...). Eu nada sabia a respeito da situação dos surdos, nem imaginava que ela pudesse lançar luz sobre tantos domínios, sobretudo o domínio da língua. Fiquei pasmo com o que aprendi sobre a história das pessoas surdas e os extraordinários desafios (lingüísticos) que elas enfrentam, e pasmo também ao tomar conhecimento de uma língua completamente visual, a língua de sinais, diferente em modo de minha própria língua, a falada. (...)" Oliver Sacks Percorrendo a Trajetória Surda Dentro das comemorações dos 500 anos do Brasil, o momento é oportuno para repensar as diferenças que situam a diversidade brasileira. O tema escolhido se presta a discutir relações sociais no Brasil, expressando o tema não como uma forma mais radical para os processos de humanização e construção das identidades, mas como um novo pensar e repensar as diferentes culturas, as quais levam o ser humano a se descobrir como indivíduo, se constituindo em sua própria identidade, dentro de sua própria cultura. É relevante a produção deste trabalho sobre a (re)construção das Identidades Culturais, os processos das trajetórias dos Surdos na tão sonhada diversidade, rompendo a tradicional homogeneidade, tão arraigada no nosso imaginário social. Importa delinear a utópica Cultura Surda, à qual se refere Oliver Sacks: somos ignorantes no que diz respeito à surdez, especialmente no ponto de vista antropológico. Este trabalho, resultado de descobertas e impasses na minha trajetória enquanto Surda, pretende discursar as relações sociais dos sujeitos Surdos, do Movimento Surdo, captando suas trajetórias dentro do multiculturalismo. Saliento que este tipo de discussão possui complexidades, e seria necessário um novo olhar na educação que, sem sombra de dúvida, é um dos alicerces da humanidade, tão primordial para a aceitação das diferenças, em oposição à homogeneidade. Explicito, neste trabalho, os termos diferença e deficiência no que tange à surdez, delineando a trajetória do Movimento Surdo, as suas peculiaridades, a sua importância no multiculturalismo, fazendo referências sobre a Cultura Surda, discursando ainda sobre a tradição oralista como ponto eqüidistante da degradação da Cultura Surda e no quanto esta tradição prejudica a construção da Identidade Surda, dando margem à idéia de que é possível o Surdo ser normal, ser ouvinte, uma vez que essa é uma concepção etnocêntrica da realidade. E ainda conceituo identidade e também as Identidades Surdas, lutas e intempéries dos sujeitos Surdos na (re)construção da identidade. Assim, para realizar estes escritos, embarquei em concepções da autora Gladis Perlin, por considerar significativo o seu pensamento e a sua luta pela causa surda. Farei um paralelo entre a situação do Brasil-colônia em relação à pátria-mãe, Portugal, que precisou ser emancipado da sua situação colonizadora para ter, enfim, o direito a buscar o progresso desejado com a necessidade de emancipação de um novo currículo adaptado às necessidades do sujeito Surdo, diferente do tradicional, o qual é voltado para uma idéia implícita de que o Surdo é colonizado, dominado pelo ouvinte, submetido à sua hegemonia cultural. E ainda estarei discutindo a educação, apontando a necessidade de discorrer no espaço escolar o novo repensar sobre as lutas sociais. Por fim, faço a conclusão do trabalho com um desafio às contraposições e adversidades reveladoras no imaginário social, traçando as trajetórias dos Surdos no processo de construção da Identidade Surda, marcada por lutas, intempéries, impasses, ambigüidades e emoções. É uma forma de resistir aos movimentos opacos e homogêneos. Neste trabalho, sinto-me empenhada pela causa surda, busco ser o mais fiel possível às minhas descobertas e às narrativas de outros Surdos. Estou ciente da produção do conhecimento nesta obra, procurando ser fiel às exigências e normas científicas, sem abusar de sentimentalismos, buscando expressar objetividade no tema proposto, sem, entretanto, deixar de me emocionar com a Surda que sou, que vem construindo a sua história, sua Identidade Surda, engajando pelo longo processo de lutas e resistências contra o Ouvintismo. Surdez: diferença ou deficiência? A discussão sobre os termos diferença e deficiência se presta aos olhares, vivências, conhecimentos diversos da sociedade, do imaginário social e se faz necessário esclarecê-los. Portanto, a minha primeira tarefa é permear uma diversidade de conceitos e termos, particularmente nos campos da antropologia e da medicina. Ao longo do trabalho, a questão da surdez, estereotipada pelo imaginário social como algo deficiente, de menos valia e patológico, se fez testemunha de forma árdua e marcante. A discussão dentro de uma visão clínico-patológica não é o objetivo deste trabalho, visto que esta não é a perspectiva a ser aspirada pela Comunidade Surda, pelos pesquisadores Surdos e ouvintes. Estabelecer uma nova perspectiva que vise reconhecimento à Identidade Cultural Surda é a prioridade máxima. No transcurso deste trabalho, estes termos diferença e deficiência são usados e explicitados de forma a tornar claro o seu significado. Pretendo lançar um novo olhar sobre os Surdos, no que tange à Identidade Surda. Etnocentrismo: tradição oralista O Oralismo é uma filosofia educacional que propõe o ensino da língua oral para que o sujeito Surdo se integre ao mundo ouvinte, pressionando o ensino da fala como essencial, algo que lhe desse status, o que não corresponde às condições ideais para que o sujeito Surdo adquira linguagem e forme o pensamento. O etnocentrismo tem a tendência de postular a cultura dominante e vigente como padrão para as demais culturas, partindo do princípio de que os seus valores e a sua cultura são superiores, os mais esmerados, os mais adequados. A questão do etnocentrismo é constantemente marcante na Educação dos Surdos, particularmente na tradição oralista, perpassando por vezes fragmentada e questionada nas representações sobre a surdez. E se faz necessária uma análise mais profunda dessa tradição oralista na Educação dos Surdos, mostrando as suas múltiplas facetas. Ao longo deste século, a Educação dos Surdos vem assumindo uma concepção oralista, como Ideologia Dominante, através de uma visão clínica sobre o sujeito Surdo, o qual é tratado como deficiente, não se pensando na sua diferença lingüística. A educação oferecida aos Surdos tem enfatizado demasiadamente o ensino da fala como suposta devolução da humanidade. Extremamente concentrados nesta tarefa, os educadores perdem de vista a importância da formação da Identidade e Cultura Surda para o Surdo, deixam de formá-los enquanto cidadãos críticos e muito pouco se confrontam a trabalhar o sentido real do conceito da eqüidade, a qual busca a igualdade sem, entretanto, eliminar a diferença. Como disse Skliar (1998: 07): "As idéias dominantes, nos últimos cem anos, são um claro testemunho do sentido comum segundo o qual os surdos correspondem, se encaixam e se adaptam com naturalidade a um modelo de medicalização da surdez, numa versão que amplifica e exagera os mecanismos da pedagogia corretiva, instaurada nos princípios do século XX e vigente até nossos dias. Foram mais de cem anos de práticas enceguecidas pela tentativa de correção, normalização e pela violência institucional; instituições especiais que foram reguladas tanto pela caridade e pela beneficência, quanto pela cultura social vigente que requeria uma capacidade para controlar, separar e negar a existência da comunidade surda, da língua de sinais, das identidades surdas e das experiências visuais, que determinam o conjunto de diferenças dos surdos em relação a qualquer outro grupo de sujeitos." (grifo meu) Nesse sentido, a negação da Cultura Surda, da Língua de Sinais, das Identidades Surdas é inerente à tradição oralista imperativa nas escolas, com o pressuposto de que o Surdo é estigmatizado como deficiente auditivo, que carece de educação oralista, que sofre de patologia, necessitando de especialistas para restituir-lhe a fala. Identidades Surdas: conceitos e heterogeneidades O estudo da identidade se fez presente de forma árdua. Foram diversos os autores pelos quais embarquei procurando definir, discutir, analisar e, apesar do termo ser amplo, muito discutido nas pesquisas contemporâneas, me aterei apenas às descobertas da autora Gladis Perlin, particularmente às Identidades Surdas. Para PERLIN (1998: 52) a identidade é algo em questão, em construção, uma construção móvel que pode freqüentemente ser transformada ou estar em movimento, e que empurra o sujeito em diferentes posições. Conceituar a identidade é dizer que a mesma não é inata, está em constante modificação, partindo da descoberta, da afirmação cultural em que um certo sujeito se espelha no outro semelhante, criando uma situação de confronto, e ainda segundo PERLIN (1998: 53), a identidade surda sempre está em proximidade, em situação de necessidade com o outro igual. O sujeito surdo nas suas múltiplas identidades sempre está em situação de necessidade diante da identidade surda. Para discutir as experiências vivenciadas pelos sujeitos Surdos na sua Identidade Surda, através da construção, resistência, batalha e dominação em vista da presença hegemônica ouvinte, usarei um conjunto dos termos, não podendo dissociá-lo do processo histórico. Gladis Perlin critica a influência do poder ouvintista que prejudica a construção da Identidade Surda: É evidente que as identidades surdas assumem formas multifacetadas em vista das fragmentações a que estão sujeitas, face à presença do poder ouvintista que lhes impõem regras, inclusive, encontrando no estereótipo surdo uma resposta para a negação da representação da identidade surda ao sujeito surdo. O termo identidade, que melhor atende à temática surdez, é usado na busca do direito de ser Surdo. De acordo com a trajetória vivenciada pelos sujeitos Surdos, nas suas lutas e intempéries, o tema (re)construção da Identidade Surda é sempre usado ao responderem à pergunta – o que é ser Surdo no Brasil? Ao longo do último século, tem sido travado um verdadeiro embate imposto por alguns Surdos ao redor do mundo, devido ao processo histórico da colonização sobre os sujeitos Surdos, no que se refere à medicalização, à normalização, levando à degradação da Língua de Sinais, da Cultura Surda, das Identidades Surdas. Em resposta a essa colonização, o Movimento Surdo tem dado início à criação de Associações de Surdos como uma resistência contra a cultura dominante, contra a ideologia ouvintista. O foco do nosso olhar é o sujeito Surdo, com suas peculiaridades. O termo Surdo é carregado, no imaginário social, de estigma, de estereótipo, de deficiência, e significa a urgência da necessidade de normalização, em antagonismo ao conceito da diferença, como disse PERLIN (1998: 54): o estereótipo sobre o surdo jamais acolhe o ser surdo, pois imobiliza-o a uma representação contraditória, a uma representação que não conduz a uma política da identidade. O estereótipo faz com que as pessoas se oponham, às vezes disfarçadamente, e evitem a construção da identidade surda, cuja representação é o estereótipo da sua composição distorcida e inadequada. Afirmo a necessidade de uma nova visão sobre o sujeito Surdo, que é diferente e não deficiente. Por que não podemos repensar o nosso olhar? O que o sujeito Surdo tem de diferente? Segundo PERLIN (1998: 56) ser surdo é pertencer a um mundo de experiência visual e não auditiva. Viver uma experiência visual é ter a Língua de Sinais, a língua visual, pertencente a outra cultura, a cultura visual e lingüística. Há de se considerar outro conceito da Identidade Surda, de relevância política, dentro do multiculturalismo, de igual importância para outros movimentos sociais, pela batalha contra a ideologia dominante: a Identidade Política Surda. É um movimento pela força política em prol da nossa diferença... é uma luta contra o estigma, contra o estereotipo, contra o preconceito, contra a deficiência e especialmente contra o poder do ouvintismo. Cultura Surda no multiculturalismo Discussões referentes à Cultura Surda têm sido travadas nos dias atuais, levando à impossibilidade de definir sobre o que seja a Cultura Surda. Entretanto, algumas questões serão levantadas com o pressuposto de seguir os estudos culturais, que propõem pensar a surdez numa perspectiva antropológica. Não me aterei objetivamente ao termo, discursarei sobre movimentos de lutas e batalhas pelos Surdos pela sua Cultura Surda num espaço multicultural. O multiculturalismo se expressa, como sucessão no mundo contemporâneo, para que os sujeitos sociais valorizem, expressem suas diferenças, suas culturas específicas, em busca da afirmação cultural. É um movimento social em oposição a todas ações homogeneizadas da vida social. É uma oposição a todas as tentativas dos outros a imprimirem a cultura dominante, vigente sobre uma outra cultura pré-existente: a Cultura Surda. Conceituar o multiculturalismo é falar sobre o reconhecimento do jogo das diferenças que se constrói socialmente nos processos interligados nos diferentes contextos. Muitas vezes, o multiculturalismo se constitui em um fecundo movimento de lutas sociais, de ação cultural de um suposto grupo, que por diversas vezes se sente discriminado, excluído pelos outros segmentos da sociedade por suas peculiaridades. Neste espaço multicultural, são deparados os movimentos sociais como negros, Surdos, índios, homossexuais, mulheres, judeus... que lutam pelas mudanças propulsoras para que cada um ser possa conviver com a diferença, que possa fazer valer seus direitos civis, direitos humanos, direito de ser pertencente a minorias lingüísticas, culturais, étnicas ou religiosas em antagonismo aos movimentos dominantes, vigentes, homogêneos. Faço minhas as palavras de PERLIN (1998: 57): é preciso manter estratégias para que a cultura dominante não reforce as posições de poder e privilégio. É necessário manter uma posição intercultural mesmo que seja de riscos. A identidade surda se constrói dentro de uma cultura visual. Essa diferença precisa ser entendida não como uma construção isolada, mas como construção multicultural. Herança colonial Seria relevante discutir a questão do Brasil colonizado por Portugal, que foi libertado da colonização portuguesa no ano de 1822. Durante a dependência, o Brasil foi submetido às mais duras pressões políticas e ideológicas no que se refere à exploração econômica, cultural, inclusive a lingüística, uma vez que, anteriormente à Língua Portuguesa, era a língua tupi-guarani utilizada pelos primeiros brasileiros, os índios. Dentro deste contexto, com a colonização portuguesa sobre o Brasil, foi necessária a batalha pela Independência em busca do direito a ser uma Nação livre e dona do seu próprio destino. Nesta perspectiva colonizadora, paralelamente à Cultura Surda e à Língua de Sinais, discuto sobre a colonização do ouvinte sobre o sujeito surdo, no quanto foi necessário a este se desprender da grande parte das suposições de que o surdo é deficiente auditivo, da imposição da Língua Portuguesa para o sujeito surdo – como se isso fosse lhe conceder um status privilegiado -, e desconceituar de que é possível o surdo ser normal apenas na perspectiva ouvintista. Apesar desta concepção, ainda impera fortemente a colonização sobre os surdos, que sem voz nas mãos, são amordaçados culturalmente sem poder expressar a sua Cultura Surda, sem poder expressar seu pensamento através das suas mãos, através da sua Língua de Sinais. Ainda há um longo caminho a trilhar, ainda que tenham bons resultados erigidos pelo Movimento Surdo, há batalhas a serem vencidas, lutas a serem travadas... Conclusão Estamos rente a um novo milênio, portanto é conveniente que adotemos uma nova perspectiva em relação a um futuro cada vez mais próximo. E uma nova perspectiva implica preencher um espaço que outrora fora habitado por uma concepção concordante com a mentalidade vigente da época, mas que atualmente torna-se ultrapassada e não deve mais se sustentar, a não ser em seus alicerces ruinosos que não mais se alinham à superfície das novas descobertas. Ser Surdo, judeu, negro, índio, enfim, ser diferente dos demais configurados como normais na concepção patológica da medicina não mais deve ser motivo de isolamento, exclusão social, estigma, preconceito, mas sim, este é o momento propício para que ocorra uma mudança profunda na visão e costumes dos povos, fazendo com que os diferentes se fundam ao contexto sócio-histórico e se tornem nada mais e nada menos do que sempre foram não só aos olhos da natureza, mas também aos olhos daquilo que todas religiões definem com Deus: Iguais. Por que iguais? Pois antes de explicitarmos qualquer diferença entre este ou aquele indivíduo, todos se esquecem da essência que os constitui a todos, haja distinções ou não, todos são humanos muito antes de qualquer outra coisa. E esta humanidade é uma luz que deveria recair sobre todos aqueles que selecionam atributos separatistas, que segregam e dividem os indivíduos em grupos a serem odiados, expatriados, isolados, mas nunca integrados, compreendidos, aceitos no contexto sócio cultural que, querendo ou não, todos coexistem em um grau maior ou menor de proximidade e convivência. A educação é um instrumento de mudança. É ela que, direta ou indiretamente, conduz as transformações cruciais em nossa sociedade, em nossa história, pois ela carrega o cerne da manifestação humana - a comunicação - ferramenta indissociável de qualquer cultura onde a presença central se constitui em torno do ser humano. Com a educação, repassamos as informações através da história, e a cultura permanece, sustentando a existência do homem e expandindo-a cada vez mais, delineando os contornos que marcam sua presença, sua existência. Mas para que a educação dos sujeitos Surdos seja possível, usando como exemplo a idéia de que a água só entra em uma garrafa se nela existir um orifício ou uma superfície permeável, analogamente em qualquer indivíduo, a cultura somente se interiorizará se ela for conduzida por um canal viável que torne possível sua recepção clara e concisa, situação nem sempre presente na maioria dos métodos educacionais que se julgam eficientes por beneficiarem um grande número de indivíduos, os quais, pelo visto, certamente não são os Surdos. Portanto, a exclusão social implica uma exclusão cultural e a ausência da cultura leva-nos à expectativa de que uma outra implicação se imponha, alojando-se no centro das significações, para aqueles que estão excluídos: Se os Surdos não podem se expressar, se não lhes é facultada a chance de se constituírem como sujeitos em suas próprias identidades culturais para que possam vir a se manifestar, restará a estes seres humanos a oportunidade de existir? Ou mudaremos nossas expectativas, eliminaremos os impasses, os temores que emanam da idéia do que significa diferença e adotaremos uma visão multicultural iniciando uma eterna caminhada juntos a partir deste novo milênio? Referências Bibliográficas ARRUDA, Angela (Org.). Representando a alteridade. Petropólis: Vozes, 1998. GERNER DE GARCIA, Barbara. O multiculturalismo na educação dos surdos: a resistência e relevância da diversidade para a educação dos surdos. In: SKLIAR, C. (Org.) Atualidade da educação bilíngüe para surdos. Porto Alegre: Mediação, 1999. GONÇALVES, Luiz Alberto C; SILVA, Petronilha Beatriz G. O jogo das diferenças: o multiculturalismo e seus contextos. Belo Horizonte: Autêntica, 1998. HALL, Stuart. Identidades culturais na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A Editora, 1997 – Tradução: Tomaz Tadeu da Silva e Guacira Lopes Louro. MOREIRA, A.F.B e SILVA, T.T. da. Currículo, Cultura e Sociedade. São Paulo, Cortez Editora, 1995. PADDEN, Carol; HUMPHRIES, T. 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 Maria Rosa Lopes